segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Lenda da Dama dos Pés de Cabra (versão de Linhares da Beira)

« À entrada de Linhares da Beira havia uma casa onde residia  D. Lopa e sua criada. Esta viúva tinha origem nobre, mas era muito piedosa. Um dia, Stº António bateu-lhe à porta, apresentando-se como mendigo e deixou-lhe um alerta :
   "- A sua criada é diabo disfarçado e quer roubar a sua alma. Cubra o chão da cozinha com cinza durante a noite e verá..." Na manhã seguinte havia marcas de bode no percurso feito pela aia! Com um crucifixo, a fidalga enfrentou-a. Esta desapareceu, por magia. Incrédula, a Dama penitenciou-se até morrer.»

«A casa transformou-se posteriormente em Albergaria, onde também funcionou o Hospital da Misericórdia , o Hospício e a Roda dos Expostos, sendo actualmente uma residência particular. Exteriormente pareece uma fortaleza, com uma entrada servida por um arco de volta perfeita, encimada por um nicho do Sto António. Na cornija existem duas gárgulas que representam personagems míticas: a cabra e o diabo, que terão sido inspirados dessa lenda.»

in : "Aldeias Históricas de Portugal- Guia Turístico", Edição Olho de Turista

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Era uma vez...

(...) Uma vila esplendorosa envolta por um barco de pedra. Suspiros e prantos. São as donzelas esperando o príncipe no seu castelo. Uma noite, nasceu uma dama especial. Ouviu-se sussurrar pelas vielas: “ a menina tem pés de cabra!” Marialba seria o nome marcante, legado pela jovem. O príncipe apenas deixaria o registo de um Marquês, grande cavaleiro. Debaixo de cada pedra, ficaram ainda crónicas e saudades guardadas pelo enigmático e lendário castelo…


Inserida no concelho de Mêda (distrito da Guarda), entre o Planalto Beirão e o Baixo Douro, encontra-se Marialva , terra do Marquês e da Dama, distinguida como Aldeia Histórica de Portugal.

No primeiro instante, o nosso olhar fixa-se na montanha de escarpas de granito, onde se encontra ancorado o seu belíssimo castelo. À medida que nos aproximamos do lugar, sente-se uma magia no ar. As ruelas, emolduradas com casas de balcão em pedra, convidam-nos a mergulhar no ambiente rural característico das Beiras. As senhoras sentadas nos seus banquinhos de madeira , põem a conversa em dia, enquanto o sol as reconforta com o calor do Outono. O rosto enrugado esconde sabedoria de gerações e as mãos calejadas mostram a dureza do campo. Para completar o quadro com cores alegres, não faltam as abóboras no alto dos muros de pedra, onde passa a pastora diariamente com as suas ovelhas . Mas o melhor ainda está para chegar ! Dentro do castelo, na cidadela, espera-o um mundo à parte, um autêntico Museu-Jardim natural!

As perfumadas malvas e as centenárias oliveiras, convidam-no a sentar-se para apreciar e sentir toda a envolvência e emoção do lugar. Está recheado de histórias de encantar e de acontecimentos heróicos, onde as pedras são a nossa testemunha mais directa. Parecem falar a quem passa, como aquela que Saramago escolheu para as suas sábias palavras ”(…)Experimente quem o lê ver-se assim, e venha depois dizer como se sentiu. (…)”

Siga o conselho do Nobel e venha descobrir este belíssimo lugar! "

Susana Falhas, Directora da Olho de Turista
In: Revista Caixa Agrícola, Dez. 2010