segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um casamento em troca de paz

Não podemos deixar a vila de Almeida, sem falarmos da Lenda da princesa Isabel, com já tinha prometido.

“A história da princesa Isabel baseia-se em factos históricos:
Isabel foi a única filha bastarda do rei D. Fernando e não se sabe quem era a mãe. No ano 1372 o rei Henrique de Castela invadiu Portugal com um exército que entrou por Almeida e se dirigiu para sul a fim de cercar Lisboa. Pelo caminho efectuaram pilhagens , houve combates, muitos mortos e feridos. Os portugueses resistiram como puderam mas ficaram muito abalados, e por isso tiveram que fazer cedências na altura de assinar a paz. Uma das cedências foi entregar algumas terras junto da fronteira ao rei de Castela. Do lote fez parte Almeida, que só foi entregue por três anos.
imagem retirada da internet

Na ideia de reforçar os laços de amizade e evitar novas guerras, combinaram-se casamentos de princesas portuguesas com príncipes castelhanos. Isabel, apesar da sua pouca idade (8 anos), seguiu com os exércitos inimigos para se casar com Afonso, também ele filho bastardo do rei de Castela. Acontece que Afonso, que já tinha 18 anos, reagiu mal à ideia (…)

imagem retirada da internet


No entanto, ao contrário de outras pequenas princesas que foram viver para o estrangeiro e tanto sofreram em terras estranhas sem o amor de ninguém, Isabel teve sorte. A rainha de Castela Joana Manuel) era irmã da sua avó paterna ( Constança Manuel) e, portanto, não só a recebeu de braços abertos como a protegeu toda a vida.”


Com essa aliada Isabel aprendeu a língua local e adaptou-se bem à vida da corte castelhana, sem sentir pela falta do príncipe, que andava ao serviço do rei de França.
Com os anos tornou-se uma mulher formosa, alegre e simpática e ninguém compreendia a sua rejeição por parte do príncipe.


“Numa tarde chuvosa do mês de Fevereiro , estando a corte reunida no palácio de Valladolid(…) apareceu Isabel muito bem ataviada em sedas e veludos. Também se penteara com esmero e trazia ao pescoço, nas mãos e nas orelhas as jóias lindíssimas que lhe oferecera a rainha. (…)




imagem retirada da internet
O próprio rei ficou estupefacto ao ouvi-la declarar alto e bom som que chegara à idade de casar.
- Sei que não agrado a D. Afonso e quero que saibam que ele também não me agrada a mim, mas isso não interessa.
A assistência emudecera de pasmo perante aquela rapariguinha altiva e firme, exigindo de cabeça erguida aquilo a que tinha direito:
- Sou filha do rei de Portugal, e se está previsto que me torne nora do rei de Castela, não vejo motivo para esperar mais!
Uma argumentação simples, clara e directa nunca é fácil de rebater. O silêncio prolongou-se com grande incómodo para o rei, que sentiu a autoridade posta em causa diante mil pares de olhos que o trespassavam como quem pergunta: « Então? O príncipe casa ou não casa? »



Imagem retirada da internet

D. Henrique saiu de rompante e mandou escrever em letras gordas uma mensagem ao filho. Ordenava-lhe que viesse imediatamente para subir ao altar e receber Isabel por esposa. Caso não comparecesse, seria deserdado e no testamento encontraria apenas a maldição paterna.
Apesar da ameaça, só nove meses depois se pôde realizar a cerimónia. Uma linda cerimónia na catedral de Burgos, com a presença do arcebispo de Santiago.(…) Quando chegou a vez de Afonso dizer o sim, ficou calado até que o rei se aproximou de cenho franzido e ele não teve outro remédio senão murmurar a palavra-chave, mas fê-lo num repente carrancudo e maldisposto: -Sim.
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

À noite foram para o quarto como esposos(…) Mas ele não a abordou.(…) Virou as costas sem uma explicação.
Pobre Isabel! Muito sofreu por ser rejeitada. Preferiu no entanto não contar a ninguém e aguentar firme.(…) Muitas foram as tentativas falhadas! Nem enfeites, nem perfumes, nem trejeitos, nem lágrimas, nem suspiros(…) tiveram qualquer efeito. O marido continuava indiferente.(…)

Por último Isabel recorreu a uma feiticeira sevilhana que toda a gente da corte consultava em segredo. A mulher era velha, gorda, feia e exalava um cheiro estranho a plantas mal cozidas. Sentada num banco de três pés(…) a feiticeira ouviu, ouviu muito calada. Mastigava um pauzinho e sorria absorta.
imagem retirada da internet

- Este caso resolve-se bem se souberes escolher o momento certo e dar-lhe uma beberagem feita com ervas que te indicarei e hão-de ser colhidas pelas tuas próprias mãos numa noite de lua cheia…(…) Um ano depois deu à luz um filho, quebrou-se o enguiço e vieram mais cinco rapagões.(…)”
____________________________
Observações:
In: Magalhães, Isabel, Lendas e Segredos das Aldeias Históricas de Portugal, Comissão de Coordenação Centro, Editorial Caminho, S.A. Lisboa, Março de 2002.

Um último olhar por Almeida:

Percorrendo ao longo das muralhas, longe fica o nosso olhar para além do horizonte, onde não se sabe onde começa o céu e acaba a terra .

Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

O silêncio insiste em permanecer ao lado dos canhões, onde há precisamente 200 anos deram tudo por tudo para defender esta terra.
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA
Almeida foi uma estrela de guerra, que defendeu, com muito sangue, o nossos país de espanhóis e franceses.
Ao som do vento e em silêncio consegue-se imaginar a vida agitada de outrora no coração de Almeida.
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

No ar paira a famosa frase “Almate- Alma até Almeida”, a mais pronunciada e pensada por todos os que ansiavam sobreviver em tempos de guerra, especialmente por soldados ao serviço da coroa portuguesa.

É uma quietude inquietante esta vila de Almeida, mas que vale a pena conhecer e mergulhar na sua História.

Caminhando para Castelo Mendo

Castelo Mendo é outra aldeia Histórica que faz parte do concelho de Almeida.

Para chegar lá, aqui estão as indicações:
Saindo de Almeida , em direcção a Castelo Mendo, basta:

- seguir na estrada n.332;
- passagem por Arrabalde de Poço
- Estrada N. nº 340:
-Virar em Aldeia Nova;
- Passagem por Senoura, Mido
- Chegada a Castelo Mendo
Distância: 20 km
Duração da viagem : 24 minutos

Para visualizar as indicações no mapa, clique aqui.


Para quem vem , por exemplo de Lisboa até Castelo Mendo, recomendamos o seguinte trajecto:

-Entrada na A1, seguindo a A23 (na saída Abrantes-Torres Novas) até Guarda, entra na A25 saída de Sabugal, Almeida pela estrada nº 344, direcção Sabugal e chegada Castelo Mendo.

Distância: 340 Km
Duração da viagem: 3h. 21m

Para visualizar as indicações no mapa, por favor clique aqui.

Em Castelo Mendo , com Saramago:

Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

“ A primeira paragem do dia é em Castelo Mendo.
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA
Vista de Largo é uma fortaleza, vila toda rodeada de muralhas , com dois torreões na entrada principal. (…) Vila, cidade , aldeia. Não se sabe bem como classificar uma povoação que de tudo isto tem e conserva. O viajante deu uma rápida volta, foi ao antigo tribunal, que está em restauro e só tem para mostrar as barrigudas colunas do alpendre, entrou na igreja e saiu, viu o alto pelourinho(…) "


Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

Na próxima semana iremos descobrir mais um pouco sobre esta aldeia.

Até lá, uma boa semana!
_______________
in Saramago, José," Viagem a Portugal", Caminho, 1998.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Casa dos Expostos

Na última semana, publiquei uma fotografia a representar a chamada “Roda dos Expostos” .




Para quem nunca ouviu falar, aqui vai a explicação: A roda dos Expostos existia numa casa em Almeida, na rua da Muralha, . Era uma casa dos órfãos, destinada para receber crianças recém-nascidas “não desejadas” ou bastardas, cujos pais não pudessem assumir os seus cuidados. Essas crianças, sem qualquer identificação, eram recebidas pelas amas de leite que aí viviam, contratadas por uma Instituição de Beneficiência da localidade.



Normalmente eram entregues durante a noite numa “ roda” de madeira existente por trás da portinha verde ( agora a roda foi rescontituida em ferro), de modo que as crianças não apanhavam frio e ninguém descobria a identidade dos pais.




Actualmente o espaço foi transformado num núcleo museológico, onde é possível observar alguns documentos da época sobre a contratação de amas e alguns objectos usados durante o funcionamento da casa.

É uma casa que dá muito que pensar, especialmente hoje que se comemora o, Dia 18 de Maio, o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes , no Brasil; no dia Dia 25 de Maio é o Dia Internacional Das Crianças Desaparecidas e no dia 1 de Junho comemora-se o Dia Mundial da Criança( Fiz uma postagem especial no Clube das Mulheres Beirãs a propósito desta temática) .


Infelizmente, não acontece só hoje, o abandono de crianças!

Já se praticou ao longo de séculos.
Ao longo dos tempos, o Homem procurou responder a esta situação à medida das suas possibilidades. Hoje, infelizmente é de lamentar que ainda continuam a aparecer crianças abandonadas e inclusive largadas em caixotes do lixo... É essa a dignidade que estamos a oferecer às nossas crianças, que não pediram para nascer.

Desculpem este desabafo, mas a visita a esta Casa de Expostos assim me obrigou a esta reflexão. (espero não ter estragado a nossa viagem por isso…)



Mas ainda a propósito da Casa de expostos, para quem quiser saber mais sobre isso, aproveito para informar que no dia 29 de Maio irá decorrer um colóquio sobre esta temática na Junta de Freguesia de Caria, no concelho de Belmonte ( outra aldeia Histórica que mais à frente iremos falar).


O colóquio, denominado “ Assistência religiosa à infância nas Beiras” terá como temas de abordagem a problemática assistencial a estas crianças, bem como a existência destas casas em Portugal e especificamente em casos concretos de Caria e Moreira de Rei.


Para mais informações, clique aqui.

200 anos : Comemorações das Invasões Francesas

Para quem não sabe, Almeida foi uma das portas de entrada das famosas Invasões francesas:



“ A origem das invasões francesas que a História chamada de Guerra Peninsular e que os nossos irmãos espanhóis designavam também por Guerra da Independência, que envolveu os portugueses, os espanhóis e os ingleses a combater contra os Exércitos franceses de Napoleão Bonaparte, na Península Ibérica (1808-18014), encontra-se na tentativa feita por Napoleão, em vista da impossibilidade de vencer Inglaterra no mar, de a paralisar e subjugar pela anulação do seu comércio.

Napoleão de Bonaparte

Com este objectivo, promulgou Napoleão os seus Decretos de 21.11.1806, ordenando que todos os portos da Europa se fechassem aos súbditos britânicos, conforme consta no chamado Bloqueio Continental, assinado em Berlim. Para se fazer cumprir tais decretos, precisava de submeter à sua vontade duas nações amigas da Inglaterra: Portugal e a Suécia. Napoleão encarregou a Rússia de resolver o caso da Suécia e tomou para si o de Portugal.




Bonaparte, depois de em 1807 intimar Portugal a fechar os Portos aos navios britânicos, não só obteve do rei de Espanha, Carlos IV, e do seu Ministro, Manuel Godoy, o consentimento da passagem das tropas francesas para Portugal, como também pelo tratado secreto de Fontainebleau de 27.11.1807, ficou assente que o nosso País seria dividido entre a França e a Espanha, reservando-se um principado para Godoy.”(1)





É na terceira invasão que “Almeida volta a ser palco de novas lutas. Em fins de Julho de 1810 as tropas de Massena cercam a fortaleza depois de uma sangrenta batalha junto à ponte do Côa, de que resultaram centenas de baixas para ambos os lados. Sem apoio do exterior, os sitiados suportam um mês de cerco, sendo obrigados a renderem-se a 26 de Agosto, quando um tiro inimigo fez explodir um paiol, destruindo parte do interior da praça. Esta ficará, até ao final da terceira invasão francesa, na mão dos franceses . Perante o avanço dos anglo-lusos e o insucesso do contra-ataque de Massena em Fuentes de Oñoro, o comandante francês, general Brennier, acabará, a 10 de Maio de 1811, por minar a fortaleza e faze-la explodir em vários pontos, antes de a abandonar.



A destruição então infligida leva a que a principal praça de guerra beirã seja desclassificada, só voltando a recuperar a sua categoria em 1887(…) Em 1895 volta a ser desclassificada, em 1927 perde a sua actividade militar com a saída da última força armada.
Apesar das suas viscissitudes por que passou esta fortaleza com o seu traçado em forma de estrela é ainda hoje uma das mais imponentes fortificações portuguesas”(2) .



Almeida, todos os anos em Agosto faz a recriação deste momento histórico:

As comemorações do Cerco de Almeida, onde portugueses , franceses, espanhóis e ingleses vestem- se a rigor, de acordo com a época.

Este ano irá decorrer nos dias 28,29 e 30 de Agosto , em Almeida, naturalmente!


Não perca este acontecimento este Verão!
_________________

Observações:
(1)Júnior, António de Sousa, “As terras da Beira nas invasões francesas” Colecção Bicentenário da Guerra Peninsular, Edição Câmara Municipal de Almeida, 2006.
(2) Ramalho, Margarida Magalhães, Aldeias Históricas , Colecção Espírito de Lugar, Edições Inapa, 2006.



Imagens retiradas da internet

Almeida e outras cidades amuralhadas:

Almeida tem como imagem de marca a fortaleza em formato de estrela.
Mas existe outra cidade no outro lado da fronteira : Ciudad Rodrigo

Clique para descobrir um pouco mais…


Existe ainda outra fortificação com formato de estrela semelhante em Valência do Minho localizada no Norte de Portugal.
E por agora ficamos por aqui:
Na próxima semana vamos concluir a visita a Almeida, com uma lindíssima lenda e seguiremos caminho até Castelo Mendo, outra Aldeia Histórica de Portugal.
Até lá, uma boa semana!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Convocatória : Blogagem Colectiva Aldeia da minha vida


No dia 10 de Junho. comemora-se o dia de Portugal , o dia de Camões, bem como o das Comunidades Portuguesas no Resto do Mundo.

Proponho comemorar este dia tão importante para todos os portugueses de uma forma diferente:
Convido todos os leitores e amigos para participarem na primeira Blogagem Colectiva “ A aldeia da Minha Vida ” nos dias 9 e 10 de Junho de 2009.
A Blogagem está aberta a todos, sejam bloguistas ou não. Para saber como, clique aqui

Pretende-se que todos os participantes produzam um texto sobre uma aldeia portuguesa, de qualquer ponto do país. O texto deve ser original, constando o nome verdadeiro da aldeia , acompanhado com uma fotografia ou filme, ou slides que possam dar a conhecer a sua escolha.

O melhor texto será premiado com um fantástico fim de semana em Monsanto, a Aldeia mais Portuguesa de Portugal, do concelho de Idanha-a-Nova.
Trata-se de uma oferta da Pousada de Monsanto , uma Pousada de Portugal:






- Alojamento e pequeno almoço, de sexta-feira a domingo para duas pessoas.
Reserva sujeita à disponibilidade das datas pretendidas.

Para saber mais sobre a pousada, clique aqui.

Em caso de dúvidas, envie um email para:


Para saber mais, como participar, clique no livro virtual "Aldeia da minha vida"

Participa, divulga e colabora. Comunica e convida os teus amigos.
Conto contigo!
__________
Nota: Imagens retiradas da Internet

Mini- Sondagem

Durante o mês de Abril, a Olho de Turista dinamizou aqui neste blogue uma mini-sondagem para descobrir se os nossos leitores já conhecm, ou não as Aldeias Históricas de Porrtugal e de que forma tomaram conhecimento delas.

Aqui deixamos a nossa análise dos resultados:


Questão 1: "Quantas aldeias visitou?":

  • 77% dos participantes afirmam conhecer, pelo mesmos 3 Aldeias;
  • 22% afirma conhecer, entre 10 a 12 Aldeias;
  • 22% afirma não conhecer , ainda , nenhuma das Aldeias
  • 20% até 6 Aldeias;
  • 10% até 9 Aldeias.

Conclusão: A maioria dos nossos leitores já conhece as aldeias, pelo menos 3 delas.

******** **********

Questão 2 : "Como teve conhecimento das Aldeias?"

  • 18% conheceram através da Televisão;
  • 13% conheceram em Livros;
  • 11% descobriram com os Amigos;
  • 7% souberam pelos Jornais;
  • 0% ouviu falar das Aldeias pela Rádio/ Feiras/ Eventos/Internet

Conclusão: A televisão continua a ser um grande ponto de referência e de informação dos nossos leitores, logo seguida dos livros e dos amigos.

Agradecemos a participação de todos os leitores. Estão a contribuir para o desenvolvimento de produtos e serviços mais adaptados à necessidades actuais.

Obrigado por escolherem o nosso blogue para participar e descobrir , com um Olho de Turista, este verdadeiro tesouro da Beira Interior.

Casamata:

Cá estamos novamente, por terras de Almeida.!

Depois de um bom descanso pela pousada, vamos conhecer as famosas Casamatas.
Casamata é uma palavra derivada do italiano “cassamatta”, que significa “casa falsa; uma construção subterrânea abodadada que protege dos projecteis pessoal e material”(in Diccionário de Língua Portuguesa, Porto de Editora, 8ª edição).
Terão tido origem na Idade Média, dos quais é exemplo o Crac des Chevaliers, situado no Norte de África, precisamente na Líbia, uma fortificação de origem muçulmana adaptada pela Ordem de Hospitalários, onde existiam compatimentos abobadados , que funcionavam como autênticas cassamatas (2).
imagem retirada da internet: Crac des Chevaliers


As “casamatas” de Almeida têm 20 salas/quartos e corredores, que serviam, inicialmente de Quartel e de armazém. Devido à grande humidade , deixou de ser quartel para passar a servir de abrigo para as povoações , em caso de ataque .


Localizados no subsolo do baluastre de S. João de Deus, foram construídos no séc. XVIII à prova de bombas, as Casamatas estavam preparadas para ter todos os serviços necessários, para a sobrevivência das populações: armazenavam os mantimentos necessários e tinham água de cisterna de poço próprio e uma chaminé de fogão quadrada , no local. Para além disso, este espaço também serviu de prisão , durante as lutas liberáis, no séc. XIX.




Só para terem a noção da capacidade das casamatas, “aquando da guerra dos sete anos, em 1762, estas vinte salas e corredores albergaram cerca de três mil e quinhentos civis” (1).


Não podemos entrar lá dentro, uma vez que as Casamatas têm sido alvo de recentes estudos de investigação , para um aprofundar do conhecimento deste espaço, bem como de intervenções de recuperação, a fim de albergar um museu e um espaço de lazer , estando prevista a abertura para Junho deste ano.


Face às obras, não é possível, neste momento visitar o seu interior, mas podemos observar, por exemplo o que ficou a nu em parte da cobertura da casamata, que originariamente estava coberta de terra: podemos ver lajes de granito trabalhadas .



Quando estiverem concluídas as obras é um local a visitar, enquanto “ conjunto singular do espólio militar monumental do nosso país, aí estão para ser descobertas, em pleno séc. XXI, em novos e desafiadores aspectos da sua autencicidade” (palavras de Dr. António Baptista Ribeiro(2).

__________________________
(1) Graça, direc.de Dr. Eduardo, Cartas do Lazer das Aldeias Históricas, Almeida e Castelo Mendo, Janeiro 2000.
(2) in: Campos, João, Almeida – As coberturas das “Casamatas”, Edição Município de Almeida, Agosto 2006

Almeida…e a lenda da mesa com pedras preciosas…



Existem várias versões, quanto à sua origem: “uns, consideram que Almeida deriva da palavra árabe AL MEDA ou Talmeyda, que significa Mesa, devido à povoação se encontrar localizada num planalto. Para outros, o topónimo deriva da palavra Atmeidan, que significa campo ou lugar de corrida de cavalos, acontecimento que os árabes realizavam regularmente.(1)”


O facto da palavra iniciar-se com a sílaba “AL”, parece dar mais credibilidade à primeira versão, reforçada por uma lenda local que conta que teria existido uma mesa cravada de pedras preciosas, da qual terá dado o nome à terra.



Mas existe uma outra lenda de Almeida da princesa Isabel, uma filha bastarda de D. Fernando, que casou com o Afonso filho bastardo do rei de Castela, para reforçar laços de amizades entre os dois reinos

Para a próxima semana continuaremos a visita até à Casa da Roda dos Expostos que existe em Almeida (tem ideia do que será?) e contarei mais pormenores sobre esta última lenda.




Até lá, tenha uma boa semana e não se esqueça de se increver na blogagem colectiva!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Feira Medieval de Monsanto

Este fim de semana foi inesquecivel. Fomos à feira da Divina Santa Cruz, em Monsanto, uma das Aldeias Históricas de Portugal, situada no concelho de Idanha-a-Nova.
Descubra um pouco mais clicando aqui.



Uma pausa para o almoço

Como dissemos na semana passada, decidimos fazer uma pausa para o almoço, antes de continuarmos a visita pelo Picadeiro D´El Rei.

A gente cá da terra, de Almeida recomendou-nos um restaurante, o "Granitus" localizado fora das muralhas, em frente à porta de S. Francisco e ao Largo 25 de Abril.

No caminho para lá, passámos por uma rua muito curiosa, onde encontrámos, por acaso o Sr. Júlio Monteiro a abrir o portão da sua garagem, onde não deixámos de olhar, com admiração. O interior da garagem está completamente forrado com peças antigas , como alqueires, chaves, ferraduras entre outras, de variados tamanhos e feitios. Trata-se de uma colecção particular, com mais de cem peças, de entre as quais se destaca a mais antiga com a data de 1850.
Ora vejam:


É preciso ter muita dedicação e gosto para ter uma colecção destas em casa! Que continue, por muitos anos a coleccionar estas relíquias fora de série. Quem sabe, poderá nascer daqui um museu, para todos apreciarem esta imensa colecção.
Vamos deixar o Sr. Júlio para irmos então almoçar!

Cá estamos nós , bem instalados nesta casa cor de rosa “Granitus”, mesmo para um almoço de reis: Como éramos três , pedimos a seguinte ementa:
Começámos por deliciar-nos com uma sopa de legumes, em seguida escolhemos dois pratos, Nacos de Vitela (1 dose) e Bacalhau com molho de camarão (1 dose) acompanhados com um bom vinho tinto da região (da cidade de Pinhel):


Humm… que cheirinho…dá água na boca… vejam ( os olhos também comem):
Para sobremesa escolhemos uma mousse de laranja e um Doce da Casa e tomámos um cafezinho.

Tudo isso, valeu bem os euros que gastámos. Para um casal seriam 28,50 € .
Bem, depois deste delicioso almoço, estamos prontíssimos para continuar a nossa visita, em direcção ao Picadeiro D´El Rei, que se segue já no próximo post.

Passeando de charrete...

Depois desse almoço, estamos prontos para continuar a visita. ao Picadeiro D´El Rei, situado no Revelim de Nossa Senhora das Brotas.


Trata-se de um edifício que teve diversas utilidades ao longo dos tempos. Entre os séculos XVIII e XIX começou por ser utilizado como arsenal e armazém de artilharia, onde existiam forjas para a manufactura e reparação de equipamento de guerra. Funcionou como Quartel de Destacamento de Artilharia e, posteriormente foi adaptado para o fabrico de pão. Em 1998 transformou-se numa Escola de Equitação.


Seja ao ar livre ou no picadeiro coberto, é possível praticar actividades ligadas à arte equestre.
Assim como encontramos o alojamento de cavalos, preparados para o efeito.


Por apenas 12€, uma família de quatro pessoas pode desfrutar de um passeio de Charrete pelas ruas de Almeida .Basta fazer uma marcação de reserva .
Para mais informações, clique aqui.

Seguimos para outras bandas, em direcção às ruínas do antigo castelo medieval de Almeida, no post seguinte.

A queda de um castelo

Seguimos para outras bandas, em direcção às ruínas do antigo castelo de Almeida.

É verdade! Em Almeida antes de construirem a Praça Forte em formato de estrela , existia um castelo quinhentista , com uma torre de menagem e uma muralha .Tendo origem árabe, as fundações terão sido reaproveitadas para ser erigido um castelo medieval no tempo de D. Dinis. O castelo foi sofrendo várias remodelações e ampliações ao longo dos tempos: em 1369, a mando de D. Fernando e no tempo de D. Manuel I. Imagem retirada da internet


A muralha do castelo tinha duas cinturas, sendo a interior em forma de trapézio rectangular, com apenas uma porta para o exterior, que atravessava o fosso, e quatro torres arredondadas.



Imagem retirada da internet


Durante o domínio Filipino, o castelo entrou em decadência, pela falta de cuidados e de conservação do mesmo. Após a restauração da Independência, no reinado de D. João IV, dada a ineficiência do castelo, houve a necessidade de se construir um novo sistema defensivo baseado no modelo abaluartado, sob o projecto do engenheiro francês Antoine Devilhe. Essa construção apenas ficou concluída no século XVIII, da qual resulta a fortaleza em formato de estrela, considerada como "um dos maiores expoentes da arquitectura militar abaluartada em Portugal".



Do castelo medieval, actualmente encontramos apenas ruínas , onde apenas se reconhece a planta e o fosso original devido a uma violenta explosão de pólvora armazenada no recinto, aquando da terceira invasão francesa.

O mesmo destino teve a antiga Igreja Matriz, que ficou totalmente destruída. Sobre as ruínas da Igreja foi alçada a Torre do Relógio.

Segue-se caminho em direcção à Pousada de Nossa Senhora das Neves. Trata-se de um edifício recentemente remodelado para prestação de serviços de hotelaria e de restauração, que foi erguido sobre o antigo Quartel de Cavalaria, também denominado de Santa Bárbara. Esse antigo quartel terá funcionado até 1927, quando o último Esquadrão de cavalaria abandonou a Almeida.

Escultura da Senhora das Neves à entrada da Pousada

Bem, a visita está muito agradável, mas convido-os a repousar um pouco nesta pousada. Sugiro-vos a continuar a visita por Almeida na próxima segunda feira.

Até lá, desejo a todos uma óptima semana.